domingo, 24 de abril de 2016


Nota de abertura: Este não é um texto bonito; e foi escrito com uma mão só numa sala de espera.

Eu gosto dos teus olhos 
pequenos de quando você sorri      
Eu gosto do som que tem a tua voz
Gosto até do teu sotaque cantado
Do teu sorriso marcado
Eu gosto de me sentir menor no teu abraço
Eu gosto da expressão que você faz um segundo antes de cair na risada  
Eu gosto de como parecemos um paraíso num mundo terrível desabando
Eu gosto de como você me faz recitar poesias no chuveiro
Eu gosto de sentar diante do piano 
E sempre ter uma música pronta depois que te conheci.
Eu gosto do teu cheiro 
Eu gosto dos teus beijos
Eu gosto do jeito sutil e apaixonado como suas mãos passeiam sobre  mim.   Eu gosto de quem você é quando estamos sozinhos. 
E eu sei que somos um segredo. 
Que somos um segredo só nosso.     

Eu odeio esses olhos pequenos de quando você sorri
Odeio o som da sua voz e esse sotaque cantado que eu não consigo mais esquecer      
Odeio teu sorriso marcado
Eu odeio saber que eu te amo independente do meu desejo constante de fugir.
Por você eu gostaria de suspender todas as leis que dizem que tudo tem fim. Eu enfrentaria um inverno polar mesmo sendo uma fraca pro frio, só pra me encontrar com Norman Maclean e dizer que ele certamente se enganou ao dizer que nada é para sempre.
Odeio saber que apesar de todas as minhas marés eu ainda quero você, em todos os minutos de vida aos quais eu vou ter direito.

Mila

quinta-feira, 17 de março de 2016

Its not about the time

Essa manhã eu me olhei no espelho e além dos olhos cheios de um tipo de cola super bonder de quem dormiu mal e não descansou o suficiente, eu tive o desprazer de ver meu reflexo cansado com pena de mim, não por não ter dado atenção ao despertador, mas porque já sinto o salto agulha sambando no meu coração.
A vontade é de explodir metade do coração pra torná-lo mais fácil de enfrentar ou ficar trocando de canal na TV pra sempre. É que me faz falta sorrir com gosto, quando ele brinca de me encarar sorrindo –como só ele sabe sorrir– à meia-luz. É que eu acordei assim hoje: triste e nostálgica. Mas na segunda passada eu sorria até para as folhas ao caírem, e eu só queria que isso durasse, o tempo todo, e meu espelho disse que não durou.
Eu passo bem, achando que 'bem' é ter um gatilho na garganta e um vulcão dentro do peito.  
Cá estou, pensando que todos os meus livros de poemas falam sobre ele. E todos os ambientes tem um pouco dos tons rosados da sua pele marfim. E os passeios de ônibus demorados são mais uma desculpa pra encontrá-lo. As pessoas que eu ouço, os lugares mais sujos, tudo tem um pouco da nossa solidão. Ele faz a garganta apertar e o desconforto ser físico. Ele está em todas as direções, em todas as dimensões. Nenhum espaço de tempo conhecido é suficiente. A física quântica é capaz de explicar o que acontece com os meus átomos ao se unirem com os seus? Me sinto como um fragmento de energia, pateticamente preso a sua matéria. Sinto que somos um teorema do caos, tão adorável quanto fatal.
Eu menti pra ele. Disse que ficaria tudo bem, e que se eu desviasse minha atenção pro outro lado, ele seria uma parte menor do mundo que eu guardo no peito.E ele acreditou, que não seria  mais o motivo dos meus olhares desajuizados. Mas está sendo ele o meu centro gravitacional, e ainda não existe bússola que me aponte outra direção. É tudo sobre o nosso campo magnético, fazendo com que todas as minhas direções sejam o vulcão que ele também tem dentro do peito, ou que -tão de repente- seja ele a gravidade que me prende ao chão. Eu confesso que não tenho nem foto do lado doce dos seus olhares,  quando sou eu a figura que os reflete, que às vezes me deixa pretensiosa ser o motivo dos seus sorrisos. E que quando ele segura minhas mãos daquele jeito tão firme, some até minha tristeza da semana retrasada.
Esse texto é sobre a minha vontade de te ver feliz por aí e te aprisionar a mim ao mesmo tempo. Sobre ter orgulho de ser a mão que te encontra. Sobre não estar me sentindo pela metade, ainda que o amanhã seja um sopro e a saudade esteja desenhando no meu rosto essas lágrimas, de vontade de te ter no meu abraço. 
As vezes acho que meus sinais de nascença se ligam com as cicatrizes que tenho e formam o nome dele na minha pele, como quem quer bordar um registro de quem desabotoa meus sentimentos e me deixa doce e desajuizada. Eu me apaixonei pelo castanho-claro dos seus olhos e pelo seu jeito de nunca me declamar poemas, mas desata-los dentro de mim. 
E toda vez que eu o vejo, meu cérebro me avisa de um encontro que às vezes minha falta de atenção ou meus cabelos mal penteados atrapalham, e parece que eu quero assustá-lo com meu jeito desajeitado, mas na verdade eu quero exagerar o tamanho da Lua e dizer que o que eu sinto por ele é do tamanho dela. Talvez essa vontade nasça porque nunca me conformo com essas idas constantes de quem me cativa, porque nunca me conformo com a impossibilidade de dar sempre que eu quiser um abraço demorado.  Ele nem imagina, que a saudade me visita hoje e vai me revisitar amanhã, e que é sempre assim nos dias em que está longe.

Eu nunca fugi, nunca sai, não me mudei, não fui nem até a esquina, sou tão nós-dois como sempre. E eu digo no teu ouvido, se precisar, que te querer pode ser um erro mas que é a coisa mais deliciosa que meu coração já sentiu.
Que meu olhar virou verdade, que eu ouviria o som do seu coração bater por 200h seguidas, e que as flores não querem murchar desde que você disse que estava comigo. E você vai perceber, quando me ver sorrindo mais do que meu rosto aguenta. Quero te fazer mais feliz do que nunca e te ver morrendo de tanto rir, quero te consolar se estiver triste, e dizer que não precisa ter vergonha das olheiras por chorar muito, quero que me abrace, me morda, me esmurre, me belisque, me lamba, me empurre, me beije, me renda, me costure e me emende a você.
Porque nenhum espaço de tempo é suficiente,



Mila






sábado, 11 de abril de 2015


Eu te disse que era tudo sobre um vazio, e esse teu vazio foi maior do que a minha certeza. E o barulho das tuas palavras, com esse tom despretensioso que você quer que elas tenham, mas não tem. E esse seu sorriso que a insegurança deixa exagerado. É que meu coração no teu não cabe, e isso que acontece quando eu te olho, é mais confuso do que deveria ser. Você tem esses olhos aí, que me dão avisos urgentes do quão somos inadequados. Não porque somos ruins, não porque falta vontade, isso a gente tem de sobra.
Mas é que seu rosto tem me dado só aflição e isso é algo que você não entende, ainda que eu esteja vez ou outra tentando explicar. Você me deixa aflita, com essa impressão que me dá, de que é tudo tão aumentado em mim. E olha só você, fazendo mesmo tudo parecer pequeno, inválido.
Eu tenho um mundo pra falar, e eu sinto que você ouve, mas não escuta. E eu te mostro coisas, eu te mostro letras, te toco músicas, te escrevo longos textos, te dou pistas do meu socorro silencioso.
Que eu quero berrar tão alto que até o horizonte vai me ouvir. E você sempre olha, mas não enxerga.
E eu sei que você não enxerga, porque nos seus olhos tem rios de verdade, e nenhuma empatia. Esse texto é sobre minha vontade enorme de te puxar pelo peito, e te fazer entender o que não pode ser explicado nem mesmo com longos textos. Sobre o buraco que eu tenho no peito, enquanto no seu nem parece haver abalos estruturais. E eu fico tão pequena, e com você eu tenho me sentido tão descabida. Há um tempo considerável atrás de nós, eu decidi existir para preencher outros vazios, sim. porque eu percebi que seria muita ganância achar que dá pra fazer do meu buraco qualidade. Mas olha só pra mim, e olha pra você, onde está o verso do nosso soneto em que meus vazios preenchem os seus de uma forma devastadora? E eu me sinto tão culpada por te envolver com todas essas lacunas que nenhum de nós dois pode preencher, e me sinto tão culpada por ter feito de nós esse acidente com mortos e feridos, por ter usado tanto do seu tempo e espaço só pra perceber que não era aí o meu lugar, que você não precisa de alguém como eu. Que precisa de alguém, mas não de mim. Que nos somos como dois imãs perpendiculares que não se cruzam, porque eu sinto que eu gosto tanto, tanto de você. Mas que nunca vamos ser uma união. e hoje, hoje eu percebi, que não era pra ser eu aqui. Que seu coração deve ser lindo, mas eu não posso ver. Que você deve ser muito mais do que essa incompatibilidade me permite enxergar. Perto de você a minha solidão é diferente, não como a ausência de companhia, mas como estar inundado por um por do sol, e incapaz de enxergar seus degradês. Eu nunca achei que eu e você fossemos desperdício, mas que outro nome têm minhas letras jogadas no fundo da sua gaveta?



Camila

terça-feira, 6 de maio de 2014

Nada.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Eu queria ser teu ódio, contado por outra pessoa, porque ser teu amor tá me cansando. E essas histórias absurdas, contadas há um tempo infinito atrás da gente. E se eu quiser ser a tua dor, que vem, afeta e vai embora? Porque ser teu amor arranca o ar que eu puxo pra tentar ser mais compreensiva, me arranca os suspiros que eu eu solto quando penso que não quero ser muito mais do que isso. Suspiros.
Então meu corpo, que ainda é 70% água, volta a tentar se afogar em si mesmo. O ruim é que cê é um rio inteiro, e eu sou aquela borboleta murcha que nem sabe nadar. Mas que nossa, de tão bonito que é o tal rio, se joga, só pela última vez.




Camila B.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Vinte e dois outonos.




Olhos fechados.


E o desejo de que todas essas sombras sejam reflexo de algo que não existe.
 O coração que não pulsa, mas palpita, entende que pulsar seria arriscado demais agora. 
Com os olhos molhados, tristes como viver uma vida de mentira, metade das coisas incríveis que a vida reserva, se apaga.
E o espelho de repente só mostra o que você gostaria de esconder. São vinte e um outonos, e as folhas às vezes param de cair. Sorte é aceitar essa vaga idéia de completude sem estar completo.

Camila Braga

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Nada.

As nuvens estão sumindo
E um pouco do ar abafado que me esquentava se perdeu
Dizem que 70% do corpo é água
Será que dá pra se afogar em si mesmo?

A saudade e seu saldo sem vencimento
Cuja conta quem paga são os olhos
E o medo de se descobrir desnecessário
Alimenta os soluços secos
O apertar da garganta amarga

As mãos que não conseguem se articular
Procuram as coisas que não podem ser tocadas
E a garganta, que não mais entoa
Pronuncia um ultimo suspiro vago
E se fecha.